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A saúde da família

O ser humano é o único ser vivo que nasce completamente dependente de terceiros para a sua sobrevivência. Assim, a família não exerce apenas uma função biológica através da procriação, mas desempenha ainda a função vital de suprir as necessidades básicas individuais, garantindo alimentação, higiene, roupas e outros bens materiais, assim como a proteção indispensável para a manutenção da integridade física. Ela assume também uma função formativa que visa atender as necessidades afetivas e espirituais, contribuindo para a assimilação de valores e para a socialização de seus membros. A principal necessidade do ser humano é sentir-se pertencer, sentir-se amado e acolhido. Ele precisa também encontrar um sentido existencial e uma perspectiva de transcendência, pois não se trata apenas de sobreviver, mas de abraçar a vida e enxergar a sua vocação. Assim, a família fornece os elementos essenciais para apreciar a vida, construir relações afetivas e desenvolver o potencial de cada um.
Ela tem a tarefa de ajudar os membros a firmar sua identidade e autonomia, e prepará-los para enfrentar crises provenientes de fatores internos e externos. São as crises do desenvolvimento, como a adolescência, e a crise da meia-idade, mas também as provocadas por dificuldades sociais como o desemprego, violências e acidentes. Essas crises podem gerar mudanças estruturais, na organização familiar, e funcionais, no desempenho dos membros, e interferir no bem-estar e na saúde do indivíduo e do sistema. A entrada de um novo membro na família ou a morte de alguém, por exemplo, modificam a dinâmica familiar e obrigam a redistribuir ou acrescentar papéis. Assim, o nascimento de um filho gera os papéis de pai e mãe, mas também de avôs, tios, primos etc.
A saúde da família pode ser avaliada pela qualidade dos relacionamentos, isto é, pela qualidade de comunicação entre os membros, a existência e expressão de afeto, o desempenho das funções, o grau de união e autonomia, a permeabilidade, a flexibilidade para lidar com as crises e adaptar-se às mudanças decorrentes, a capacidade de superar desavenças e reconciliar-se, a inserção na rede social. Limites, papéis, hierarquia, alianças, modelos psicossociais são itens a serem considerados.
Assim como o ser humano tem luz porque foi criado à imagem de Deus, mas também sombra porque foi deformado pelo pecado, a família, como sistema formado por seres humanos falhos, também tem suas limitações. A expectativa de ter uma família perfeita tem gerado inúmeras frustrações e conflitos. As crises naturais do ciclo vital, que nos impulsionam para o crescimento, são encaradas como atestado de incompetência e perde-se muito tempo e energia tentando esconder, disfarçar, negar dificuldades que poderiam servir de trampolim.
É importante reconhecer os recursos da família: as heranças positivas, experiências de superação, valores como integridade, trabalho, lealdade e respeito, os modelos encorajadores, as reconciliações, conquistas, tradições, celebrações. As falhas também precisam ser identificadas para serem transformadas: preconceitos, segredos, rótulos, manipulações, competições etc. Reconhecer as falhas dos nossos pais permite libertá-los da expectativa de amor incondicional que esperávamos e acolher o amor humano, limitado, mas real, com que nos amaram. Olhar com humor para as limitações é um ótimo sinal de aceitação e maturidade.
A saúde da família é fruto de reconciliação quando os desencontros são tratados e superados através do perdão. A família provê vínculos permanentes. Não importam quais sejam os conflitos, ninguém deixa de ser filho ou pai. Não se pode construir o futuro sem ter feito as pazes com sua família e peneirado sua herança familiar. Como menciona Paulo, é preciso fazer pelo menos a nossa parte, aquilo que depende de nós. E aceitar as limitações do outro como um pedido de socorro, um sinal de imaturidade que deve gerar mais desejo de ajudar do que atitudes vingativas. Até Jesus entrou em conflito com seus pais na adolescência, quando perdeu-se deles na volta de Jerusalém, mas isto não os impediu de reafirmar o vínculo e a determinação de caminhar lado a lado.
Isabelle Ludovico - Psicóloga com especialização em Terapia Familiar Sistêmica.

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